sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Márinho, para terminar o desabafo de à bocado!




"Fundem-se duas fêmeas, dulcíssimas, eróticas,
Sobre um leito nervoso de penas de pavão
E numa ardência calma, brandas e simpáticas,
Beijam-se, inscientes, com meiguice e devoção.

Tangem as liras feitas de rósea e branca pele,
Deslizam suavemente na carnação perfeita,
Parece o feroz urso buscando o doce mel,
Com a mão remexendo, onde a colmeia é estreita.

Circula a langorosa língua, oferecendo
Amorosas iguarias, servidas com ardor,
E revirando os olhos, a de baixo, recolhendo,
Com nervoso dedinho, esfrega em baixo a flor.

Movem-se, elegantes, a languidez felina,
Entrando na floresta, à procura de alimento,
Num espasmo de prazer, o corpo sobe, empina,
Como se revelasse o excelso pensamento.

Nem diálogos, nem versos, nem promessas,
Nem vãs declarações de afecto, de união,
Unem corpos esbeltos apenas em compressas,
E saciadas vencem leis da vida e da Razão.

São duas rolas firmes, discretas e perfeitas,
Juntam-se como irmãs unidas, recolhendo,
A linfa, escorregando pelas pernas direitas
Com lábios secos vai bela ninfa bebendo"

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